Revista Agrária Acadêmica
doi: 10.32406/v8n1/2025/133-144/agrariacad
Avaliações fisiológicas e comportamentais, pré e pós-atividades de socialização, de cães militares de policiamento e faro de entorpecentes da Força Aérea Brasileira. Physiological and behavioral evaluations, pre and post socialization activities, of military police and drug detection dogs of the Brazilian Air Force.
Elissandra da Silveira1, Sandra Márcia Tietz Marques
2, Silvana Bellini Vidor
3, Carlos Afonso de Castro Beck
4
1- Médica Veterinária – Dra., Tenente na Força Aérea Brasileira, chefe no setor de Faro e Policiamento. Base Aérea de Canoas, Canoas – RS. E-mail: elissandramvet@gmail.com
2- Médica Veterinária – Dra., Faculdade de Veterinária – Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS. Av. Bento Gonçalves, 9090, Bairro Agronomia, CEP: 91540-000, Porto Alegre – RS. Autor para correspondência. Fone: (51) 3308-6136. E-mail: santietz@gmail.com
3- Médica Veterinária, Dra., Docente, Instituto Farroupilha – Campus Frederico Westphalen, Frederico Westphalen – RS. E-mail: silvana.b.vidor@gmail.com
4- Médico Veterinário – Prof. Dr., Faculdade de Veterinária – Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS. E-mail: carlos.afonso@ufrgs.br
Resumo
Cães são utilizados por forças armadas principalmente para farejamento e policiamento. O objetivo deste estudo foi avaliar o efeito da inserção de práticas de enriquecimento ambiental, reforço positivo e atividades para redução de estresse em cães de emprego de trabalho do Canil de Segurança de Defesa de Canoas (GSD-CO) da Força Aérea Brasileira (FAB). Para descartar a presença de doenças concomitantes, foi realizada previamente ecodoplercardiografia, ultrassonografia de abdome, exame qualitativo de urina, hemograma e bioquímica sérica. Foram avaliados os parâmetros fisiológicos: Pressão Arterial Sistólica, Frequência Cardíaca, Frequência Respiratória e temperatura retal. Houve diferença estatística significativa entre os momentos iniciais e finais em seis variáveis comportamentais de um total de oito: treinamento e obediência (p=0,036), agressão (p=0,004), medo e ansiedade (p=0,008), comportamentos relacionados à separação (p=0,008) e diversos (tentativas de fuga, rolar ou comer próprios excrementos ou de outros animais) (p=0,003) sugerindo que práticas de bem estar, socialização com pessoas e com outros cães melhoram a qualidade de trabalho e de vida dos cães militares.
Palavras-chave: Cães policiais. Avaliação clínica. Bem-estar animal.
Abstract
Dogs are used by armed forces mainly for detection and policing. The objective was evaluating the effect of inserting environmental enrichment practices, positive reinforcement, and stress reduction activities in working dogs of the Canil de Segurança de Defesa de Canoas (GSD-CO) of the Brazilian Air Force (FAB). To rule out the presence of concomitant diseases, echocardiography, abdominal ultrasound, qualitative urine analysis, hemogram, and serum biochemistry were previously performed. Physiological parameters were evaluated: Systolic Blood Pressure, Heart Rate, Respiratory Rate and rectal temperature. There was a statistic significant difference between the initial and final moments in six behavioral variables out of a total of eight: training and obedience (p=0.036), aggression (p=0.004), fear and anxiety (p=0.008), behaviors related to separation (p=0.008) and various (attempts to escape, roll or eat their own or other animals’ excrement) (p=0.003), suggesting that well-being practices, socialization with people and other dogs improve the quality of work and life of military dogs.
Keywords: Police dogs. Clinical assessment. Animal welfare.
Introdução
Os cães policiais são reconhecidos como parte vital da força da lei e seu uso tem crescido rapidamente nos últimos anos. Cães são utilizados na atividade de polícia para o faro de explosivos e de narcóticos, captura e policiamento em geral. Os cães são habilitados para a aplicação do uso da força, sendo de forma persuasiva e/ou ativa. O cão de polícia hoje já é utilizado como tipo de força, entretanto o uso de força é determinado pela administração pública e de interesse da coletividade e sua utilização nas atividades policiais é determinada por parâmetros legais inseridos na legislação brasileira. O cão pode ser entendido como um instrumento de menor potencial ofensivo, termo usado na Portaria Interministerial nº 4.226, de 31 de dezembro de 2010, sobre a forma de emprego do cão, ou seja, o uso da forma mais adequada ao nível de resistência necessária a situação (MIRANDA, 2011).
Os instrumentos de menor potencial ofensivo (IMPO) mais utilizados pelas forças policiais brasileiras são: bastões policiais; espargidores de agentes químicos; munições químicas, englobando granadas de mão outdoor e indoor, bem como as ampolas e projeteis de gases químicos; espingarda calibre 12; lançador de munições não-letais; munições de impacto controlado (elastômero/borracha); pistola de emissão de impulsos elétricos (PEIE); cães policiais e algemas (FERREIRA; MARQUES, 2022).
Considera-se que mesmo as máquinas mais complexas não são capazes de duplicar a eficiência operacional de uma equipe formada pelo Homem e o Cão. O binômio homem-cão devidamente treinado possui capacidades únicas para atuarem na segurança de instalações e propriedades, na aplicação das leis e aumento da eficácia do apoio nas atividades executadas por policiais, proporcionando uma economia de efetivo, tempo e ainda fornecem impacto psicológico, que impede potenciais infratores de cometerem delitos.
Determinar os níveis de estresse a que são expostos os cães de trabalho militar é importante para manter seu bem-estar e desenvolvimento nas atividades de rotina. Isso porque o uso de cães para funções de trabalho requer uma intensidade de esforço diferente quando comparados a animais de estimação, exposição ou atividades de laboratório (ROONEY et al., 2016). Portanto, esses animais podem ser mais suscetíveis ao estresse, o que leva a alterações comportamentais negativas, hormonais (PETERSSON et al., 2017) e reprodutivas (KUMAR; SINGH, 2015). Como consequência, o estresse crônico influencia o comportamento desses animais, os processos fisiológicos e celulares; faz com que fiquem mais suscetíveis a doenças; reduz o tempo de vida útil na atividade de trabalho; afeta a operacionalidade, a qualidade do trabalho e, sobretudo, impacta diretamente na qualidade de vida destes animais. Por isso, a necessidade de estudos sobre os efeitos fisiológicos e psicológicos em cães de trabalho militar, buscando preservar a ética e o bem-estar, necessários ao convívio interespécies (ROONEY et al., 2016; COBB et al., 2021).
Para analisar o estresse, alguns parâmetros fisiológicos são geralmente aceitos, como frequência cardíaca (FC), frequência respiratória (FR), temperatura retal (TR) e pressão arterial sistólica (PAS). No entanto, Yamamoto e colaboradores (2012), realizaram um estudo com nove cães terapeutas (oito da raça Labrador Retriever e um Golden Retriever), realizando observação comportamental e avaliação das variáveis TR, PAS, FR e FC, além da dosagem de cortisol sérico e salivar em quatro momentos distintos. Apenas o parâmetro de temperatura retal apresentou variações durante o estudo, e as alterações observadas foram atribuídas à contenção, ao transporte e à manipulação dos animais.
Diante do exposto, o objetivo deste estudo foi avaliar a fisiologia, o comportamento e o efeito diante da inserção de práticas de enriquecimento ambiental, reforço positivo e atividades para redução de estresse em cães de emprego de policiamento e faro de entorpecentes do Canil de Segurança de Defesa de Canoas (GSD-CO) da Força Aérea Brasileira (FAB), com aferição de parâmetros fisiológicos (FC, FR, TR e PAS).
Material e métodos
Esta pesquisa foi aprovada pela Comissão de Ética no Uso de Animais da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, Brasil, sob protocolo número 41.843 e os responsáveis pelos animais dos canis militares assinaram o termo de consentimento livre e esclarecimento. Foram incluídos, no estudo, todos os cães hígidos, machos ou fêmeas, castrados ou não, com emprego em farejamento, policiamento ou de duplo emprego do GSD-CO. Foram excluídos do estudo os cães com doenças sistêmicas que alterassem os parâmetros fisiológicos e comportamentais a serem avaliados.
Para isso, foi realizada ultrassonografia abdominal total, ecodoplercardiografia, exame qualitativo de urina e colheita de sangue. Essa colheita foi realizada pela punção da veia jugular externa com sistema scalp Vacuteiner® 23 G safetylok® (Becton Dickinson Indústrias Cirúrgicas S.A., Curitiba, Brasil) em tubo com EDTA K2 e em tubo seco. Foi colhido um volume de 4mL de sangue por paciente durante o exame clínico, para realização de hemograma, contagem de proteína plasmática total (PPT) e de plaquetas, tempo de atividade de protrombina (TTPA), tempo de protrombina (TP) e concentração sérica de albumina, creatinina, cobalamina e folato, e atividade sérica da alanina aminotransferase (ALT), fosfatase alcalina (FA) e gama glutamil transferase (GGT).
Os cães do estudo foram previamente imunizados com vacina polivalente (vírus da cinomose canina, da hepatite infecciosa canina, da parainfluenza canina, da coronavirose canina, da parvovirose canina, Adenovírus canino Tipo 2, e Leptospira canicola, L. grippotyphosa, L. icterohaemorrhagiae e L. pomona (Vanguard plus®, Zoetis Indústria de Produtos Veterinários Ltda., São Paulo, Brasil) e vacina antirrábica (Defensor®, Zoetis Indústria de Produtos Veterinários Ltda, São Paulo, Brasil). Além disso, passaram por controle de endoparasitos com medicação anti-helmíntica de milbemicina oxima e praziquantel (0,5 mg/Kg e 5 mg/kg, por via oral – Milbemax®, Elanco Animal Health, São Paulo, Brasil) e controle de ectoparasitos com coleira à base de Imidacloprida 10 g + Flumetrina 4,5 g/ 100g (Seresto®, Elanco Animal Health, São Paulo, Brasil).
O ambiente dos canis foi higienizado quinzenalmente com deltametrina (Butox® MSD Saúde animal Ltda., São Paulo, Brasil) e diariamente com cloreto de belzalcônio 20,0 g/ 100mL (Hysteril®, União Química Farmacêutica Nacional S/A, São Paulo, Brasil) após lavagem e remoção de matéria orgânica.
Os animais, no momento de descanso e entre as atividades, permaneciam em canis individuais, de alvenaria (12 m2), com ambiente climatizado e água ad libidum. A ração (Royal Canin – LHN Sport Life Energy 4300®, São Paulo, Brasil) foi calculada (três vezes por semana) de acordo com o peso (três pesagens por semana) e com a atividade de cada animal e, fornecida em duas porções por dia. Durante as rotinas de treinamento os animais eram recompensados com o uso de petiscos diversos.
Foram avaliados, no momento inicial e no momento final, os parâmetros fisiológicos: Pressão Arterial Sistólica (PAS) pelo método ultrassônico de Doppler (Doppler Veterinário Ultrassônico 841A – Parks®, Parks medical, EUA); temperatura retal (TR) em graus celsius (°C) com termômetro digital (Termômetro Geratherm Rapid, Geratherm®, Alemanha); frequência cardíaca (FC) em batimentos por minuto (bpm) e frequência respiratória (FR) em movimentos por minuto (mpm) por auscultação indireta sempre realizada pela mesma Oficial Médica Veterinária responsável pelo canil. A PAS foi aferida três vezes em cada momento, sendo considerada a média aritmética das três mensurações, com adaptação do manguito no membro anterior direito, respeitando-se uma relação de 0,4 entre a largura do manguito e a circunferência do membro. Foram considerados fisiológicas em cães de grande porte: PAS de 100-140 mmHg; FC de 60 – 140 bpm; FR de 10 – 35 mpm (NOTOMI et al., 2020).
As atividades de socialização foram inseridas no manejo de todos os cães do GSD-CO; realizadas diariamente de acordo com um protocolo do setor de cães e incluíam desde socialização em diversos locais, como parques, shoppings e outros canis militares; realização de treinamento físico diário com caminhadas ao ar livre; treinamento em transposição de curso de água; treinamento de troca-retriever para obediência e concentração; rotina diária de escovação de pelos e de dentes; musicoterapia no repouso entre treinos e silêncio noturno; acupuntura semanal; inspeção diária de saúde; socialização na casa dos condutores nos finais de semana, de acordo com um quadro de trabalho semanal avaliado e instituído pela Oficial Médica Veterinária em conjunto com a equipe de condutores de cães de guerra. É importante ressaltar que todos os treinamentos desse trabalho usaram exclusivamente métodos baseados em recompensa, ou seja, por reforço positivo (BLACKWELL et al., 2008). As variáveis de manejo e bem-estar estão descritas na Tabela 2, em duas avaliações: inicial e 90 dias após.
Para o teste de normalidade das variáveis foi utilizado o teste de Shapiro-Wilk. Para análise das variáveis com duas amostras emparelhadas (momentos inicial e final) dos parâmetros fisiológicos foi utilizado o teste estatístico de Wilcoxon para as variáveis não paramétricas e Teste t de Student para amostras pareadas não paramétricas. Foi considerando-se um nível de confiança de 95% (p < 0,05). As análises estatísticas foram realizadas com o software SPSS® v.22 (IBM Software, Armonk, Nova York, EUA), e as análises descritivas, com o software Microsoft Excel® do pacote Office 365 (Microsoft corporation, Redmond Washington, EUA).
Resultados e discussão
Com os exames iniciais de ecodoplercardiografia, ultrassonografia abdominal total, exame qualitativo de urina, hemograma, bioquímica sérica e exame clínico geral sem alterações, todos os 11 cães do canil do GSD-CO foram classificados como adultos hígidos e puderam ser incluídos no estudo. Consequentemente, foram descartadas possíveis doenças que pudessem causar alteração de FC, FR, TR e PAS (NOTOMI et al., 2020). Quanto ao sexo e status reprodutivos, dos 11 animais, seis (54%) eram machos não castrados, e apenas uma das cinco fêmeas era castrada. A média de idade foi de dois anos, com variação entre nove meses e cinco anos. Quanto ao perfil de trabalho, nove (81%) eram de emprego de faro, e dois (19%), de duplo emprego, ou seja, faro e policiamento.
Com relação aos parâmetros fisiológicos (Tabela 1), no início do estudo, dois cães (20%) apresentaram aumento de FC, e dois cães (20%), aumento de PAS. Ao final do estudo, os mesmos parâmetros permaneceram dentro dos valores de referência para a espécie em todos os animais. Contudo, no Teste t de Student para amostras pareadas, apenas os valores de FR iniciais e finais apresentaram diferença estatisticamente significativa (p=0,012), porém ainda dentro do intervalo considerado como fisiológico para a espécie, provavelmente atribuída à excitação pela manipulação no exame clínico. Esses dados corroboram com achados de Yamamoto e colaboradores (2012), que não encontraram diferença entre os parâmetros em quatro momentos de avaliação da PAS, FR e FC. Apenas o parâmetro de temperatura retal apresentou variações durante o estudo de observação comportamental de nove cães terapeutas (oito da raça Labrador Retriever e um Golden Retriever), quando foram dosados cortisol sérico e salivar, e foram aferidos temperatura retal, PAS, FC e FR em quatro momentos distintos. Nessa ocasião, os autores atribuíram as alterações observadas à contenção, ao transporte e à manipulação dos animais (YAMAMOTO et al., 2012), o que provavelmente ocorreu neste estudo também. É importante destacar que a hipertensão situacional é causada por alterações do sistema nervoso autônomo decorrentes dos efeitos da excitação ou da ansiedade, que podem levar a um diagnóstico errôneo de hipertensão sistêmica primária (NOTOMI et al., 2020).
Tabela 1 – Parâmetros fisiológicos dos cães de trabalho do GSD-CO avaliados antes (inicial) e depois (final) da inserção de atividades de manejo e bem-estar no período de 90 dias.
Cães de trabalho do GSD-CO |
||||||||||||
Variável |
1 |
2 |
3 |
4 |
5 |
6 |
7 |
8 |
9 |
10 |
11 |
p value |
Raça |
Pastor Alemão |
Rottweiler |
Pastor Belga Mallinois |
Pastor Alemão |
Pastor Alemão |
Australian catledog |
Australian catledog |
Pastor Belga Mallinois |
Pastor Alemão |
Pastor Alemão |
Pastor Belga Mallinois |
|
Idade |
5 anos |
3 anos |
3 anos |
3 anos |
2 anos |
2 anos |
2 anos |
1 ano |
1 ano |
1 ano |
9 meses |
|
Emprego |
Faro |
Duplo |
Duplo |
Faro |
Faro |
Faro |
Faro |
Faro |
Faro |
Faro |
Faro |
|
Sexo |
Fêmea |
Macho |
Macho |
Macho |
Fêmea |
Macho |
Fêmea |
Fêmea |
Macho |
Macho |
Fêmea |
|
FC i |
140 bpm |
100 bpm |
140 bpm |
100 bpm |
100 bpm |
100 bpm |
120 bpm |
100 bpm |
80 bpm |
160 bpm |
160 bpm |
|
FC f |
120 bpm |
100 bpm |
120 bpm |
100 bpm |
120 bpm |
100 bpm |
110 bpm |
100 bpm |
100 bpm |
130 bpm |
130 bpm |
– |
FR i* |
20 mpm |
15 mpm |
15 mpm |
14 mpm |
20 mpm |
22 mpm |
20 mpm |
25 mpm |
25 mpm |
20 mpm |
20 mpm |
|
FR f* |
12 mpm |
15 mpm |
15 mpm |
12 mpm |
12 mpm |
16 mpm |
20 mpm |
16 mpm |
18 mpm |
18 mpm |
19 mpm |
0,012 |
PAS i |
180 mmHg |
170 mmHg |
130 mmHg |
120 mmHg |
120 mmHg |
120 mmHg |
120 mmHg |
120 mmHg |
150 mmHg |
110 mmHg |
110 mmHg |
|
PAS f |
130 mmHg |
130 mmHg |
120 mmHg |
120 mmHg |
120 mmHg |
120 mmHg |
120 mmHg |
120 mmHg |
130 mmHg |
120 mmHg |
120 mmHg |
– |
TR i |
37,2º C |
37,6º C |
38,1º C |
38,0º C |
38,3º C |
37,9º C |
38,1º C |
38,7º C |
38,1º C |
38,5º C |
38,3º C |
|
TR f |
37,3º C |
37,5º C |
38,1º C |
38,3º C |
38,4º C |
37,7º C |
38,3º C |
38,6º C |
37,9º C |
38,2º C |
38,2º C |
Parâmetro k
* de FR com diferença estatisticamente significativa no Teste t de Student para amostras pareadas; Fci = Frequência cardíaca inicial; FCf = Frequência cardíaca final; FRi = Frequência respiratória inicial; FRf= Frequência respiratória final; PASi= Pressão arterial sistólica inicial; PASf= Pressão arterial sistólica final; bpm = batimento por minuto; mpm = movimento por minuto; mmHg: milímetros de mercúrio; TRi =temperatura retal inicial; TRf = temperatura retal final; °C = graus celsius.
Os domínios físicos (nutrição, ambiente e saúde) do canil de trabalho do GSD-CO já estavam garantidos, com um ambiente propício para treinamento; canis de alvenaria com espaço para se movimentar e correr, com boa ventilação, climatização; presença de grandes extensões de área de grama e terra; bem como lago para que os cães pudessem ter comportamentos semelhantes aos de animais na natureza. Para a nutrição, era utilizada uma ração considerada de boa qualidade e de acordo com a demanda energética dos animais, que não apresentavam perda de escore corporal, nem perda de escore muscular. Havia fornecimento adequado de água tanto no canil, quanto nas atividades de campo, e os animais não apresentavam sinais de desidratação durante as avaliações clínicas diárias. Ainda, o calendário vacinal e de everminação era cumprido de acordo com o estabelecido na literatura. Segundo Zanghi et al. (2018) e Niedermeyer et al. (2020), cães de trabalho apresentam maiores demandas energéticas quando se envolvem em ambientes adversos e apresentam tendência a grandes perdas de escore corporal e desidratação pela alta atividade física.
Todavia, com relação aos domínios comportamental e mental, havia a necessidade de melhorar as práticas de manejo dos animais. Os cães passavam por treinamentos diários de 20 a 40 minutos, duas vezes ao dia e após eram soltos na pista, sem inserção de atividades planejadas. Não havia interação regular com as pessoas por meio de brincadeiras ou treinamento ou com outros cães para atender as suas necessidades sociais. Não havia nenhum tipo de enriquecimento ambiental, como brinquedos, mastigar ou exercício, nem vida fora do canil, correndo livremente ou caminhando em áreas gramadas. As interações humanas eram quase que exclusivamente com o condutor e apenas nos momentos de alimentação e de treinamento. Também não havia a atenção e a percepção dos condutores quanto às necessidades psicológicas e à estimulação mental dos cães, considerando normal o descanso no canil (COBB et al., 2021). O problema começou a ser percebido pelo oficial responsável e pelos condutores após um curso sobre comportamento e estresse em cães de trabalho em um simpósio sobre cães de guerra que ocorreu no GSD-CO. A partir disso, uma médica veterinária comportamentalista começou a prestar consultorias mensais ao canil. Viu-se então a necessidade de fazer com que os condutores, bem como a organização militar não enxergassem os cães de guerra como armas, mas sim como profissionais que estão desempenhando suas funções e então, foi aplicado um questionário para avaliar as alterações comportamentais dos cães. É importante ressaltar que seis (54%) dos cães com idades entre dois e três anos inseridos no plantel do GSD-CO após o desmame, passaram pelo período de pandemia do COVID-19, quando os treinamentos e rotinas de socialização foram restritas, pois os militares trabalhavam por escala e as atividades fora do ambiente do canil eram limitadas. Em um estudo sobre as consequências da socialização insuficiente em cães filhotes durante a pandemia de COVID-19, os animais sem interações sociais com pessoas e com outros animais, antes das 16 semanas de vida (janela de aprendizado), apresentaram problemas comportamentais (BRAND et al., 2022). Sabe-se que experiências iniciais positivas são cruciais para criar cães adultos seguros, capazes de lidar com suas necessidades e com o ambiente, sendo primordiais na formação do comportamento posterior (STOLZLECHNER et al., 2022). Não foram encontrados estudos na literatura consultada, associando o período da pandemia e a socialização deficiente em animais de trabalho (cães militares).
Ainda sobre socialização, Stolzlechner e colaboradores (2022) realizaram um estudo utilizando 83 filhotes de raças variadas divididos em grupo tratamento e controle. Ambos os grupos passaram por situações adversas com desafios importantes para suas idades (3 a 6 semanas), como exposição a ruídos, pessoas, objetos e resolução de tarefas. No grupo controle os animais tinham interações positivas e estímulos amigáveis com o treinador, enquanto no grupo tratamento os animais apenas realizavam as tarefas, sem receber os mesmos incentivos. Foi demonstrado a influência positiva na capacidade de enfrentamento do estresse em filhotes de seis semanas de idade, principalmente quando estimulados positivamente (STOLZLECHNER et al., 2022). A capacidade de se habituar a diversos estímulos sem medo e de superar situações desafiadoras durante o período de socialização, é o ponto chave na construção de animais bem formados. Assim, é importante expor os filhotes a uma variedade de estímulos diferentes: visuais, sensoriais, interações sociais com humanos e com outras espécies de animais durante esse período de desenvolvimento neurológico e emocional (MCEVOY et al., 2022).
A totalidade das variáveis analisadas apresentou melhora em seus escores finais (Tabela 2). No entanto, houve diferença estatisticamente significativa entre os momentos iniciais e finais em seis de um total de oito variáveis, sejam elas: treinamento e obediência (p=0,036), agressão (p=0,004), medo e ansiedade (p=0,008), comportamentos relacionados à separação (p=0,008) e diversos (tentativas de fuga, rolar ou comer próprios excrementos ou de outros animais) (p=0,003). Quanto ao treinamento e obediência, todos os animais já apresentavam bons escores, considerando o ponto de corte estabelecido. Contudo, dois apresentavam notas acima do ponto de corte desejado em agressividade; seis, em medo e ansiedade; e nove, em comportamento relacionado à separação. Além disso, todos apresentaram altos níveis em excitabilidade e em comportamentos de chamar a atenção; e todos receberam escores máximos nas alterações de comportamentos diversos, como tentativas de fuga, rolar ou comer próprios excrementos ou de outros animais.
Tabela 2 – Variáveis avaliadas em cães de trabalho do GSD-CO avaliados antes (inicial) e depois (final) de 90 dias da inserção de atividades de manejo e bem-estar.
Cães de trabalho do GSD-CO |
||||||||||||
Animal |
1 |
2 |
3 |
4 |
5 |
6 |
7 |
8 |
9 |
10 |
11 |
p value |
Raça |
Pastor Alemão |
Rottweiler |
Pastor Belga Mallinois |
Pastor Alemão |
Pastor Alemão |
Australian catledog |
American |
Pastor Belga Mallinois |
Pastor Alemão |
Pastor Alemão |
Pastor Belga Mallinois |
|
Emprego |
Faro |
Duplo |
Duplo |
Faro |
Faro |
Faro |
Faro |
Faro |
Faro |
Faro |
Faro |
|
Treinamento e obediência i, |
3,375 |
3,375 |
3,5 |
3,625 |
3,625 |
3,75 |
3,5 |
3 |
3,25 |
3,25 |
3,25 |
|
Treinamento e obediência fa |
3,5 |
3,5 |
3,5 |
3,75 |
3,625 |
3,75 |
3,625 |
3,5 |
3,625 |
3,625 |
3,75 |
0,036 |
Agressividade ib |
2,5 |
3,5 |
3,5 |
2,5 |
2 |
2 |
1 |
2 |
2 |
2 |
1,5 |
|
Agressividade fb |
1,5 |
2 |
2 |
2 |
1 |
1 |
1 |
1 |
1 |
1 |
1 |
0,004 |
Medo e ansiedade ic |
3 |
4 |
4 |
4 |
3 |
3 |
2 |
2 |
2 |
2 |
2 |
|
Medo e ansiedade fc |
2 |
3 |
3 |
3 |
2 |
3 |
2 |
2 |
2 |
1 |
1 |
0,008 |
Comportamento relacionado à separação id |
4 |
5 |
3 |
3 |
4 |
4 |
4 |
3 |
3 |
2 |
2 |
|
Comportamento relacionado à separação fd |
3 |
4 |
3 |
3 |
3 |
3 |
3 |
2 |
3 |
2 |
1 |
0,008 |
Excitabilidade i |
4 |
5 |
3 |
3 |
3 |
3 |
3 |
3 |
3 |
3 |
3 |
– |
Excitabilidade f |
3 |
4 |
3 |
3 |
3 |
3 |
3 |
3 |
3 |
3 |
3 |
– |
Comportamento chamar |
4 |
5 |
4 |
4 |
4 |
4 |
4 |
4 |
4 |
5 |
4 |
|
Comportamento chamar |
4 |
5 |
4 |
4 |
4 |
4 |
4 |
4 |
4 |
4 |
4 |
|
Diversos ie |
5 |
5 |
5 |
5 |
5 |
5 |
5 |
5 |
5 |
5 |
5 |
|
Diversos fe |
3 |
3 |
2 |
2 |
1 |
1 |
2 |
2 |
3 |
2 |
1 |
*i= momento inicial; f= momento final; 1= nunca; 2= raramente; 3= às vezes; 4= quase sempre; 5= sempre. Todos as variáveis foram testadas com teste de Wilcoxon.
Dos fatores avaliados e levados em consideração nas análises de treinamento obediência, as variáveis com diferença estatística foram: quando o cão está solto na guia responde imediatamente (p=0,014), obedece ao comando de “senta” imediatamente (p=0,046), obedece ao comando de “fica” imediatamente (p=0,014), parece escutar ou atender prontamente tudo que diz ou faz (p=0,014) e é devagar para aprender novos truques ou tarefas (p=0,046). Todas as variáveis tiveram melhora nos parâmetros, corroborando com dados de que animais menos estressados apresentam melhor concentração, com melhor desempenho de suas atividades (COBB et al., 2021).
Com relação à agressividade, notou-se melhora na avaliação final quando os animais eram abordados por adultos desconhecidos ou crianças; quando banhados ou escovados na rotina diária; quando uma pessoa diferente do condutor se aproximava durante a alimentação; quando uma pessoa diferente acariciava ou brincava; quando encarado diretamente nos olhos; ou quando outro cão rosnava/latia/mostrava os dentes. Outro fator importante é que ambos os cães de duplo emprego apresentavam maior agressividade e a mudança dos escores entre momento inicial e final foi mais sutil, devido aos treinamentos e trabalhos de rotina, já que a função de trabalho depende de agressividade e pronta resposta ao ataque. Conforme já descrito por alguns trabalhos, a agressividade pode ser resultado de uma má socialização e ao estresse de ficar longos períodos em confinamento. Todavia, alguns comportamentos agressivos apresentados pelos cães nem sempre são resultados de uma má socialização, podem ser apenas estabelecimento de posição social ou defesa, justamente por alguns animais desempenharem funções de guarda e proteção, como apresentado no nosso estudo, onde cães de duplo emprego mantiveram características marcadas de agressividade e excitabilidade (COBB et al., 2021; LOPES; MARQUES, 2022).
Na seção medo e ansiedade, houve melhora principalmente nas respostas ao barulho, visitas de pessoas desconhecidas ao canil, movimentações de carro (inclusive em trajetos com congestionamento), resposta a objetos desconhecidos próximos, tempestade, medo de outros animais como cavalos, vacas e outros cães, medo de vento (ventiladores, secadores, ar-condicionado). É sabido que o reforço positivo tem sido associado à melhor resposta aos comandos do que o negativo, redução de ansiedade, melhora na obediência, com capacidade de resposta melhor e mais rápida aos comandos e redução do medo, resultados desejáveis para cães que serão utilizados em serviços de policiamento e farejamento, porque o medo, a distração e a agressão estão entre as causas mais comuns de fracasso (BATT et al., 2008). Outro fator importante é a habituação de um animal ao barulho, por exemplo, ao disparo de uma arma de fogo, à turbina de avião em funcionamento, a pessoas desconhecidas, a animais, com exposição aos estímulos diversos inserida durante a fase de crescimento do cão, causando uma dessensibilização e adaptação, reduzindo o medo e a ansiedade (LOPES; MARQUES, 2022).Quanto à melhora dos comportamentos relacionados à separação e tentativas de fuga cães militares, quando terminam o dia de trabalho, tendem a exibir comportamentos estereotipados, como comportamento repetitivo de caminhada e comportamentos orais, que podem ser um sinal de inquietação (FOYER et al., 2016). Os principais comportamentos apresentados com relação à ansiedade de separação dos animais do estudo foram compatíveis com o relatado na literatura. Eram eles: tremores intensos; correr ou tentar pegar a própria cauda; salivação excessiva, inquietação, agitação, latidos, uivos; arranhadura de piso; mastigação de caixa de transporte; lambedura ou mordiscar excessivo de patas ou de alguma parte do corpo (COBB et al., 2021).
Os animais do canil do GSD-CO ficaram mais relaxados, com maior concentração e desempenho nos treinamentos e atividades de trabalho com a inserção de rotina de acordo com escala, alternância de treinos, interação social com outras pessoas e animais, momentos de relaxamento e passeio, o que corrobora com achados de Demant et al. (2011). Nesse outro estudo, a alta frequência e a maior duração das seções de treinamento afetavam negativamente a aprendizagem dos cães, confirmado por outros autores, de que treinos uma a duas vezes por semana são mais eficientes se comparados a treinos diários (COBB et al., 2021; MCEVOY et al., 2022). Além disso, períodos curtos de treinos são preferíveis, da mesma forma que a combinação de treinos diferentes em uma sessão é mais eficiente (DEMANT et al., 2011). Adicionalmente, Clark e Boyer (1993) verificaram os efeitos da interação cão e treinador sobre a condição de bem-estar dos animais em um canil policial na Bélgica e constataram que caminhadas diárias de apenas 20 minutos reduziam a incidência de comportamentos agressivos indesejáveis nos cães (CLARK; BOYER, 1993). Contudo, um canino de duplo emprego da raça Rottweiler do GSD-CO, mesmo reduzindo comportamentos estereotipados (lambedura da própria cauda, lambedura de patas), agressividade, medo de pessoas e de outros cães e ansiedade, não conseguia ser manejado por todos os membros da equipe, ter rotina de socialização na casa do condutor ou fora do canil. Optou-se, para este caso, pelo tratamento farmacológico com cloridrato de fluoxetina (1 mg/kg, VO, Cloridrato de Fluoxetina, Eurofarma® 20mg, São Paulo, Brasil), após análises comportamentais do momento final, com resposta favorável após três semanas de tratamento.
Em relação à ética moderna, à interação humana e aos cinco domínios do bem-estar animal, embora sejam assuntos de grande relevância, são pouco discutidos pelos médicos veterinários militares. Os modelos de instalações, rotinas de treinamento e manejo de cãe utilizados na atividade policial são fatores que podem limitar os bons níveis de bem-estar desses animais e de operacionalidade em seu trabalho. Por isso, há necessidade de conscientização das organizações militares sobre o impacto de atividades mal manejadas na vida dos cães de trabalho. Por muitos anos, a padronização do que é importante para o bem-estar dos cães que vivem em canis foi negligenciada. Cobb e colaboradores (2022) avaliaram a percepção da comunidade sobre a importância do gerenciamento de canis, abordando a saúde canina, o design e a rotina das instalações, as interações sociais e o enriquecimento ambiental através de um questionário on line respondido por 2.000 pessoas. Concluíram que as atitudes e os comportamentos das pessoas que interagem com cães alojados em canis determinam o bem-estar destes.
Poucos trabalhos foram realizados avaliando o bem-estar em cães de trabalho e sua relação com a operacionalidade. Um estudo de 60 dias realizado no Canil da Polícia Militar localizado em Campinas, São Paulo, Brasil utilizando oito cães machos de quatro raças (Pastor Alemão, Pastor Belga Malinois, Doberman e Rottweiler) realizou dosagem de cortisol em amostras de saliva, observação do comportamento de estereotipagem (observação visual e anotação de comportamentos estereotipados, comportamentos de repouso e de movimento) e análise de sêmen. Nesse estudo, concluíram que os cães militares apresentaram sinais de maior estresse durante os períodos de trabalho com comportamentos estereotipados, mas os níveis de cortisol e a qualidade do sêmen não foram afetados (ARCURI et al., 2022). No presente trabalho, optou-se por não avaliar os níveis de cortisol, pois os seus níveis aumentados também podem refletir agitação eexcitaçãopositiva,nãosendoumparâmetrofidedigno (COBB et al., 2021).
Atualmente os cães de trabalho do GSD-CO fazem faro e guarda/proteção em aeronaves, prédios e carros; entram em contato com tripulantes militares ou civis, adultos ou crianças, e com animais pets transportados nas aeronaves. Participam de feiras, exposições e atividades não vinculadas ao trabalho de faro e proteção. Um animal com medo, pouco sociável e com traumas pode incorrer em acidentes, redução da operacionalidade, e consequentes gastos da instituição em formar um cão de guerra que será aposentado precocemente por problemas comportamentais. A inclusão de treinamentos de sociabilidade na rotina dos cães, como também a inclusão do controle da agressividade, estão entre os requisitos básicos dos cães policiais e reflete as demandas oriundas das novas formas de interação entre polícia e sociedade (OLIVEIRA NETO, 2021; ACIERNO et al., 2018).
Como limitações do presente estudo, foram desafiadoras a inserção de atividades de socialização em uma organização militar e a mudança dos pensamentos dos militares que atuam diretamente com os animais e, de atitudes já empregadas há muitos anos, especialmente com relação à troca do uso do reforço negativo pelo reforço positivo. Além disso, seria importante filmar e registrar os comportamentos estereotipados em mídias digitais para comparação e análise de expressões que a observação visual muitas vezes não permite, pois sabe-se que os animais apresentam mais nitidamente as alterações comportamentais longe dos condutores. Por fim, seria muito proveitoso inserir mais canis militares no estudo, a fim de buscar obter padronização de ambientes, de alimentação e de atividades, pois os dados demonstraram que as alterações de manejo podem ser promissoras se replicados em outros canis militares.
Conclusão
Com relação aos parâmetros fisiológicos, as alterações apresentadas não parecem ter relevância neste estudo, pois podem estar associadas à manipulação e não necessariamente aos fatores estressores. O enriquecimento ambiental e a inserção de atividades diversas durante os 90 dias das avaliações contribuíram positivamente para o bem-estar dos animais de trabalho do GSD-CO. Dessa forma, sugere-se a realização de mais estudos sobre o estresse crônico e a necessidade de conscientização das organizações militares sobre o impacto de atividades mal manejadas na vida dos cães de trabalho.
Conflitos de interesses
Os autores declaram não haver conflitos de interesse.
Contribuição dos autores
Elissandra da Silveira – idéia original, coleta de dados, interpretação dos resultados e escrita; Sandra Márcia Tietz Marques – interpretação dos resultados, escrita e revisão do texto, formatação; Silvana Bellini Vidor – coleta de dados e interpretação dos resultados; Carlos Afonso de Castro Beck – orientação e correções.
Agradecimentos
Ao GSD-CO pelo apoio no estudo, em especial aos soldados e sargentos do canil, ao Tenente Coronel Moura, Major Mafra, Capitão Blener e Tenente Topan. À clínica Pet Center Canoas, RS. Ao Lab Vetcenter Canoas, RS. À equipe Joice Peruzzi comportamento animal.
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Recebido em 2 de setembro de 2024
Retornado para ajustes em 20 de janeiro de 2025
Recebido com ajustes em 6 de março de 2025
Aceito em 12 de março de 2025
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